Um dos maiores desafios atualmente está relacionado a problemas nos portos. Desde março, com as enchentes no Rio Grande do Sul, muitas cargas foram redirecionadas para o porto de Paranaguá, resultando em novas taxas e problemas com janelas de envio e agendamentos, aumentando os custos de exportação.
O Brasil está tendo um ótimo ano em números. Até agosto, já superamos o volume de exportações do ano passado. Em 2023, exportamos 140.000 toneladas e já atingimos 160.000 toneladas este ano.
O consumo per capita de pulses no Brasil é de cerca de 13-14 kg por ano, ficando atrás apenas da Índia, que consome aproximadamente 19 kg per capita anualmente. Os principais pulses no Brasil são Feijão-carioca, Feijão-preto, Feijão-caupi (conhecido como “Feijão fradinho”), Feijão-vermelho e Feijão-rajado. O Feijão-carioca e o Feijão-preto são os mais populares devido ao preço mais baixo e à familiaridade entre os consumidores. O Brasil tem trabalhado continuamente para diversificar a produção, e a novidade mais recente está na produção de Feijão alubia e Feijão navy. Esperamos reduzir as importações nos próximos anos, já que agora a produção se tornou viável com o lançamento de uma variedade local de sementes.
O IBRAFE desenvolveu o índice “Preço Nacional do Feijão”. Coletamos diariamente dados de preços e quantidade de nossos associados em vários estados brasileiros. Isso ajuda a fornecer um referencial nacional para os preços do feijão, levando em consideração as variações regionais do mercado. Publicamos informações detalhadas para nossos associados e uma versão mais generalizada para a comunidade de pulses em geral por meio de nosso site e redes sociais.
Estamos trabalhando para tornar o mercado mais estável e atraente para os produtores. Também estamos defendendo melhores políticas públicas para apoiar a produção de pulses, semelhante ao que observamos na Índia. Além disso, estamos promovendo os benefícios dos pulses tanto para o governo quanto para os consumidores, destacando particularmente seu papel na sustentabilidade e na segurança alimentar.
Estamos vendo grande potencial na América Central e no México, especialmente para o feijão preto. Também estamos trabalhando para abrir o mercado colombiano, que está geograficamente próximo, mas atualmente não permite a importação de feijões do Brasil. Além disso, estamos em negociações para abrir o mercado chinês, o que poderia reviver a produção de feijão mung verde no Brasil.
A exportação de Feijão black-matpe para a Índia tem sido bem-sucedida, crescendo de 5.000 toneladas para 50.000 toneladas. No entanto, há incertezas sobre a política de importação da Índia após 31 de março de 2025. Estamos ativamente engajados com as autoridades indianas para buscar mais previsibilidade nesse mercado.
O Brasil possui regras, leis e fiscalização rigorosas em relação à produção agrícola sustentável, e isso também se aplica às pulses. Estamos trabalhando para destacar os aspectos de sustentabilidade da produção de pulses, especialmente no contexto da próxima COP30 no Brasil.
Há um potencial significativo para as pulses, especialmente o Feijão-guandu, em transformar áreas de pastagens degradadas em terras agrícolas produtivas. Isso poderia abordar tanto as preocupações ambientais no Brasil quanto questões de segurança alimentar em países como a Índia. No entanto, ainda há alguns obstáculos regulatórios a serem superados, como a finalização dos protocolos fitossanitários para a exportação de Feijão-guandu para a Índia.
Gostaria de convidar a comunidade de pulses para participar do Brazil Superfoods Summit, um evento que acontecerá nos dias 7 e 8 de abril, em Brasília. Neste evento, aprofundaremos essa conversa e apresentaremos aos nossos visitantes internacionais o melhor da agricultura brasileira, por meio de uma visita a fazendas e instalações de processamento.